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Morte

Publicado: setembro 10, 2011 em Textos
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Se a morte é nossa única certeza nessa vida, então por que ainda nos surpreendemos com a sua chegada?

Desde sempre nos foi ensinado tanto em casa quanto na escola, qual o nosso trajeto como seres vivos neste mundo. Como eu aprendi nas aulas de ciências todo ser nasce, cresce, reproduz e morre. Sendo assim, não nos surpreendemos por falta de informação e sim, por falta de preparo. Quando a morte busca quem amamos, não há sutilezas e ela sempre é tratada como um assassino, porque foi brutal, não teve dó tampouco piedade, quando nascemos a vida nos é dada, quando morremos nos é tomada, roubada.

Eu não sei sobre quem morre, isso ainda é um mistério a ser desvendado, se é que um dia será, mas a dor maior é a de quem fica, quem fica se culpa e pensa no que foi e principalmente no que seria a pessoa que partiu, a dor de quem não está mais aqui fica para quem restou. E nós nos culpamos pelas nossas ações com elas, pelas brigas, pelas dores, pelas preocupações e pela a nossa indiferença. Jamais nos lembramos que um dia acrescentamos algo àquela pessoa, a culpa toma conta.

Logo depois, nós a culpamos, não conscientemente, mas o inconsciente se pergunta:
-Se era mesmo tão boa, por que nos deixou aqui tão desamparados?

Não refletimos sobre o que foi bom, ou o que há de ser bom, nos arrependemos por eles, nos culpamos por tudo que eles não tiveram tempo de fazer, que na verdade eram os nossos desejos, aí eu chego a pensar que nós é que não estamos bem, porque projetamos a nossa dor ou incapacidade na dor de quem já se foi, nos colocamos no lugar delas e não no nosso, e já que essas pessoas deixam um sentimento tão imensurável em nós, então por que não pensar no real sentido da morte?

Quem morre nos trás novamente a vida, nos faz renascer, sentimos que somos humanos limitados, que ainda existem inúmeras coisas a serem feitas por nós, e que a imortalidade não é nossa condição. A morte nos abre os olhos para saber se estamos prontos ou não a vida que nos foi dada, que em breve será roubada, (para aqueles que não a esperam). E entregue a aqueles que de fato estão preparados para ela.

(in memoriam – Tia Bernadina Ferreira )