Juventude

Eu sempre quis saber por que a idéia de envelhecer nos assusta tanto, mesmo sabendo que a juventude é passageira.

O tempo que nós temos para conhecer e se adaptar a nossa vida nós chamamos de infância.

A juventude serve para buscar aquilo que queremos de melhor para nós.

Mas só quando envelhecemos e amadurecemos somos capazes de desfrutar de tudo que conquistamos ao longo de nossa jornada.

Juventude. Esse é o momento que nós temos para errar, para buscar e para quebrar a cara também por que não?

O ser humano não nasce pronto, ganhar ou perder é o menos importante. O importante mesmo é estar no processo, fazer parte da batalha.

Talvez a diversão, o sucesso, o brilho não esteja ao nosso alcance agora. Mas seja o que for, vigor agora nós temos de sobra, e não deve ser em vão, afinal qual o propósito de tanta exuberância física se não o de lutar?

Essa é a hora de correr os riscos e enfrentar os desafios que a vida nos impõe, aliás, a juventude nos mostra que a vida é a própria insegurança.

Se nos damos ao luxo de nos preocupar com proteção e segurança apenas, permaneceremos confinados, seguros sim, mas sem desfrutar do êxtase e das aventuras que a vida nos trás.

Já estivemos seguros até aqui, ainda acolhidos pelo útero materno, sinal de união.

E esse elo que nos une a nossa família e aqueles que amamos jamais será desfeito.

A tendência é que ele se fortaleça ainda mais, a nossa família é o nosso alicerce, nosso refúgio, o porto seguro diante de tanta instabilidade.

Ainda na infância tínhamos a prova disso, quando crianças, mesmo longe de qualquer preocupação ou responsabilidade ao final do dia não hesitávamos em voltar correndo para os braços da nossa família, seja ela mãe, pai, avós.

Porque sabíamos que aquele era e continuará sendo o único lugar do mundo em que encontraremos proteção.

A quem certamente somos capazes de sentir raiva e ao mesmo tempo um amor incondicional.

Enfim, nesse processo entre infância e juventude é quase impossível não citar a família, porque ela é essencial.

A família e aqueles a quem chamamos de amigos nos ajudam a reforçar quem nós somos e o que queremos ser.

Sabendo quem somos só nos resta aceitar a realidade, encarar nossas falhas, limitações e também as imperfeições do mundo.

Descobrir que as fantasias nos divertem, nos distraem, mas não nos aquecem, não nos confortam tampouco nos alimentam.

Onde desejar apenas não é o suficiente para realizar tudo aquilo que almejamos.

 

Morte

Se a morte é nossa única certeza nessa vida, então por que ainda nos surpreendemos com a sua chegada?

Desde sempre nos foi ensinado tanto em casa quanto na escola, qual o nosso trajeto como seres vivos neste mundo. Como eu aprendi nas aulas de ciências todo ser nasce, cresce, reproduz e morre. Sendo assim, não nos surpreendemos por falta de informação e sim, por falta de preparo. Quando a morte busca quem amamos, não há sutilezas e ela sempre é tratada como um assassino, porque foi brutal, não teve dó tampouco piedade, quando nascemos a vida nos é dada, quando morremos nos é tomada, roubada.

Eu não sei sobre quem morre, isso ainda é um mistério a ser desvendado, se é que um dia será, mas a dor maior é a de quem fica, quem fica se culpa e pensa no que foi e principalmente no que seria a pessoa que partiu, a dor de quem não está mais aqui fica para quem restou. E nós nos culpamos pelas nossas ações com elas, pelas brigas, pelas dores, pelas preocupações e pela a nossa indiferença. Jamais nos lembramos que um dia acrescentamos algo àquela pessoa, a culpa toma conta.

Logo depois, nós a culpamos, não conscientemente, mas o inconsciente se pergunta:
-Se era mesmo tão boa, por que nos deixou aqui tão desamparados?

Não refletimos sobre o que foi bom, ou o que há de ser bom, nos arrependemos por eles, nos culpamos por tudo que eles não tiveram tempo de fazer, que na verdade eram os nossos desejos, aí eu chego a pensar que nós é que não estamos bem, porque projetamos a nossa dor ou incapacidade na dor de quem já se foi, nos colocamos no lugar delas e não no nosso, e já que essas pessoas deixam um sentimento tão imensurável em nós, então por que não pensar no real sentido da morte?

Quem morre nos trás novamente a vida, nos faz renascer, sentimos que somos humanos limitados, que ainda existem inúmeras coisas a serem feitas por nós, e que a imortalidade não é nossa condição. A morte nos abre os olhos para saber se estamos prontos ou não a vida que nos foi dada, que em breve será roubada, (para aqueles que não a esperam). E entregue a aqueles que de fato estão preparados para ela.

(in memoriam – Tia Bernadina Ferreira )

Momentos compartilhados

No decorrer da nossa história neste mundo, centenas de pessoas cruzarão as nossas vidas.Por mais que nós subestimemos cada uma delas carrega consigo uma missão a cumprir.

Algumas vêm nos apresentar a dor da tristeza, a fim de nos fazer lembrar o quanto deixamos passar os momentos mais felizes.

E também nos fazendo refletir sobre o que há de bom nessa vida pois, somente no caos é que paramos para pensar.

Outras nos contemplam com esses memoráveis momentos de alegria, alegria essa que faz a vida valer a pena.

Pessoas que nos ajudam a construir as boas lembranças.
Momentos que passaram que jamais deixarão de ser visitados.
Momentos em que não paramos para pensar, somente para sentir.